CENAS DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO: DESCRIÇÃO, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DISCURSIVO-ENUNCIATIVAS DE PRÁTICAS DOS PROFESSORES EM FORMAÇÃO
RESUMO
Esta tese tem como objetivo principal compreender como as atividades de Língua Portuguesa acontecem em sala de aula. Em especial são nossos objetivos: identificar as figuras de ação e as marcas enunciativas mobilizadas nas representações dos estagiários e professoras-regentes sobre seu agir; analisar e interpretar, a partir das descrições das atividades realizadas em sala de aula, os conflitos e impedimentos de trabalho efetivos, considerando as condições que são oferecidas aos estagiários para cumprirem seus objetivos predefinidos. A pesquisa é norteada pelos questionamentos: como os estagiários ensinam de fato Língua Portuguesa? Quais figuras de ação e marcas enunciativas são manifestadas nos discursos verbalizados pelos estagiários e pelas professoras-regentes sobre seu agir? Quais ações os estagiários realizam diante dos impedimentos e conflitos efetivos de trabalho para cumprirem seus objetivos predefinidos? Trata-se de um Estudo de Caso, aliado à Clínica da Atividade (CLOT, 2010), fundamentado no Interacionismo Sociodiscursivo, trazendo e adaptando, de modo criterioso, a contribuição de outros pesquisadores, de diferentes correntes e de outras disciplinas. Refletimos ainda sobre o processo da transposição didática (BRONCKART; PLAZAOLA GIGER, 1998; CHATEL, 1995, 2001; CHEVALLARD, 1991; MACHADO, 2009; PERRENOUD, 1998; VERRET, 1975), considerando os entraves para sua realização no ensino de Língua Portuguesa durante o estágio curricular obrigatório dos alunos do curso de Letras da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Revisamos as principais teorias da ação que inspiraram o quadro teórico do interacionismo sociodiscursivo. E para nos ajudar a entender o agir dos estagiários e professoras-regentes em situação de trabalho, nos respaldamos em (CICUREL, 2011). Para análise dos segmentos temáticos, selecionados e transcritos dos comentários e avaliações, produzidos a partir das filmagens das autoconfrontações simples e cruzadas, optamos pelo nível superficial, mas especificamente, pelas figuras de ação (BRONCKART, 2008b; BULEA; BRONCKART, 2011; BULEA; FRISTALON, 2004; BULEA; LEURQUIN; CARNEIRO, 2013), pelas marcas enunciativas de agentividade e modalizações (BRONCKART, 2007; BULEA; FRISTALON, 2004). No corpus analisado, identificamos as seis configurações linguísticas que correspondem às grandes interpretações do agir que nos revelaram as dimensões do agir dos estagiários e das professoras-regentes no plano motivacional: figuras de ação acontecimento passado interna, acontecimento passado interna e externa, ocorrência interna e uma forte predominância de modalizações pragmáticas e deôntica; no plano da intencionalidade: experiência, ação acontecimento passado interna e externa, ocorrência interna e externa, canônica externa, performance e a predominância de modalizações pragmáticas, apreciativas e deônticas; no plano dos recursos (tipificação do agir): ocorrência interna e externa, definição externa e canônica externa, experiência interna, experiência interna e externa, acontecimento passado e a predominância de modalizações pragmáticas, apreciativas, lógicas e deônticas; no plano dos recursos (ferramentas materiais): definição, acontecimento passado interna e externa e a predominância de modalizações pragmáticas, apreciativas e deônticas.
Palavras-chave: figuras de ação, agentividade, modalizações, transposição didática, estágio supervisionado.
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