Atividade de tradução fílmica como instrumento de interação na formação de professores de FLE

RESUMO

Nosso trabalho ocupa-se da análise de uma atividade realizada em uma turma de tradução no contexto de formação inicial de professores de francês, língua estrangeira (FLE). Para isso, investigamos como estudantes de FLE: (1) utilizam estratégias tradutórias (VINAY e DARBELNET, 1996[1958]; BARBOSA, 2004), tendo em vista o conhecimento teórico que foi possibilitado durante disciplinas de Tradução; (2) mobilizam capacidades de linguagem (capacidade de ação, capacidade discursiva e capacidade linguístico-discursiva) para realizar suas produções linguageiras em função das condições em que estão inseridos (DOLZ e SCHNEUWLY, 2004); e (3) mobilizam repertórios didáticos (CICUREL, 2011) na construção dos textos traduzidos. A partir desses objetivos, propomos e coletamos um questionário, que nos apresentou um perfil específico da turma, e uma atividade de tradução de diálogos, retirados de uma cena de um dos curtas-metragens do filme Paris, je t’aime, na disciplina de Tradução do Francês II. Além do questionário e dos textos traduzidos, tivemos a entrevista de explicitação (VERMERSCH, 2011[1994]), que nos forneceu verbalizações acerca das traduções. Essas verbalizações funcionaram como uma fonte de (auto-) informações, no nosso caso, sobre os textos traduzidos por cada participante pesquisado. A turma totalizava 10 alunos, porém, somente 05 participaram de todos os procedimentos de pesquisa, como escolha da turma, momento de ambientação e estágio. Nossa pesquisa está ancorada, fundamentalmente, nos pressupostos teóricos do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 2009 [1999]), cuja abordagem visa demonstrar que as práticas linguageiras (ou os textos-discursos) são os principais instrumentos do desenvolvimento humano. Os resultados indicam, de uma maneira geral, que os estudantes de FLE: (1) utilizam e priorizam algumas estratégias (por exemplo, a estratégia tradução literal) em detrimento de outras, assim como, também, negam o seu uso; (2) mobilizam capacidades de linguagem, segundo ações linguageiras produzidas em língua materna e; (3) mobilizam repertórios que se construíram em situações de interações, como na sala de aula ou em contextos extracurriculares, e que se materializam, linguisticamente, na tradução. A mobilização dessas categorias revela que atividades de tradução funcionam como um dos instrumentos de interação que colabora para a (constante) construção de competências de professores em formação, como a competência tradutória e, consequentemente, a transmissiva.

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