A ARGUMENTAÇÃO NOS TEXTOS DE OPINIÃO DO JORNAL ESCOLAR: COMPOSIÇÕES E OPERAÇÕES DISCURSIVO-ENUNCIATIVAS

RESUMO

Nosso trabalho tem como objetivo refletir sobre a argumentação presente nos textos de opinião de alunos do 5º ano do Ensino Fundamental, no âmbito do jornal escolar “Primeiras Letras”, analisando a infra-estrutura textual, os mecanismos de textualização e as estratégias enunciativas utilizadas nos textos. O Interacionismo Sociodiscursivo fundamenta teoricamente o trabalho. Para o ISD, os textos são a materialização linguística das ações de linguagem, constituindo-se, portanto, em “produtos da atividade humana” (BRONCKART, 1999), em articulação com as redes de interesses e representações que suscitam sua produção. O trabalho abrange escolas da rede pública do Município de Fortaleza, Ceará. Apresentaremos os resultados da análise realizada sobre dois subconjuntos de textos de opinião, correspondentes aos textos coletados nas duas fases da pesquisa: a de prospecção/observação e a de intervenção. Durante a primeira fase – a de observação – coletamos textos de opinião destinados à publicação no jornal escolar Primeiras Letras, realizado mediante a parceria entre a Prefeitura Municipal de Fortaleza e a organização não-governamental Comunicação e Cultura. A fase de intervenção consistiu na realização de outro texto de opinião para a segunda edição do jornal escolar do estabelecimento de ensino público no qual a pesquisa foi realizada. Esse texto foi re-escrito duas vezes em aulas subsequentes, sob a orientação do professor oficial da turma. A análise das três versões do mesmo texto consistiu na segunda parte do corpus analisado. A reflexão estatística e a interpretação hermenêutica sobre os textos coletados, a partir da sua situação de produção, apontada para uma visão de que os textos apresentam-se como sistemas complexos em que os elementos podem se combinar de forma infinita, porém, coerente com os parâmetros iniciais do contexto de produção. As três dimensões da arquitetura textual revelam-se como espaço ontológico da facção linguística do texto para a semiotização de discursos. Também funcionam como eixos gnoseológicos que tornam possível a análise e a construção dos significados textuais. As macroproposições (argumentativas, narrativas, etc.) configuram-se como atratores nodais, permitindo a movimentação dos elementos discursivos, temáticos e enunciativos ao redor de eixos nodais, que nas sequências argumentativas correspondem às teses e suas reformulações, ao redor das quais giram os argumentos. Estes argumentos não se comportam de forma isolada dentro de uma macroproposição, mas interagem com os argumentos das outras macroproposições do mesmo texto. Na física um <<atrator>> é uma zona de possibilidades aleatórias de movimento de um sistema dinâmico. De maneira similar, ao redor de uma mesma tese várias vezes reformulada, pode ser elaborado um texto cujos argumentos se movimentam a partir das infinitas configurações de textualização e enunciação possíveis para os conteúdos temáticos semiotizados.

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